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Se por acaso te apetece ver uns filmes de ação sem pedir desculpas, com dose generosa de violência, moral ambígua, herói taciturno... então a trilogia The Equalizer com o Denzel Washington (Robert McCall) vai-te prender ao sofá. Aqui vai uma viagem pelos três, o que gostei, o que achei escorregar e porque vale a pena cada minuto.

The Equalizer - Sem Misericórdia (ver na netflix)

2014 16+⁩ Ação
McCall, ex-agente da CIA, vive “reformado”, mas é puxado de volta para usar os seus dons letais quando uma jovem traficada entra nas suas mãos. Violência, justiça pessoal, máfias russas, confrontos brutais… tudo aquilo que te espera num thriller de acção bem afiado.

Géneros: Filmes de ação e aventura
Elenco: Denzel Washington, Marton Csokas, Chloë Grace Moretz, David Harbour, Haley Bennett, Bill Pullman, Melissa Leo, David Meunier, Johnny Skourtis
Este filme é...Violento, Thriller de ação, Crime organizado, Filme de Hollywood, Investigação, Ação e aventura

The Equalizer 2 - A Vingança (ver na netflix)

2018 16+⁩ Ação
A sequência do primeiro mantém a fórmula: McCall metido numa missão pessoal, desta vez para vingar uma amiga. O ritmo é semelhante, as cenas de acção esperadas, o antagonista preparado. Menos novidade, mais do mesmo, mas há bons momentos.

Géneros: Filmes de ação e aventura
Elenco: Denzel Washington, Pedro Pascal, Ashton Sanders, Orson Bean, Bill Pullman, Melissa Leo, Jonathan Scarfe, Sakina Jaffrey
Este filme é...Violento, Thriller de ação, Assassinos contratados, Filme de Hollywood, Vingança, Ação e aventura

The Equalizer: Capítulo Final (ver na netflix)

2023 16+⁩ Thriller
O mais recente leva-nos a Itália, Nápoles especificamente, com McCall já em fases de querer paz, mas sempre puxado de volta ao combate... desta vez por uma causa que lhe toca coração, quando uma comunidade local sofre nas mãos da máfia. Visualmente mais contemplativo em alguns momentos, mas ainda assim muito sangue, muito confronto, muita tensão.

Géneros: Filmes de ação e aventura
Elenco: Denzel Washington, Dakota Fanning, Eugenio Mastrandrea, David Denman, Gaia Scodellaro, Remo Girone, Andrea Scarduzio, Andrea Dodero, Daniel Perrone, Zakaria Hamza
Este filme é...Violento, Suspense, Thriller de ação, Crime organizado, Filme de Hollywood, Investigação, Ação e aventura

A Trilogia The Equalizer: Justiça, Balas e Redenção ou Morte

A minha opinião

Para mim, esta trilogia funciona como um excelente exemplo de cinema de acção clássico moderno: sabes exatamente o que vais ter, mas a execução muitas vezes é satisfatória. Eis o que achei:

Gosto particularmente do primeiro, The Equalizer - Sem Misericórdia (2014): há frescura, suspense, aquele choque entre a rotina pacata de McCall e o mundo brutal que ele decide enfrentar. É cru, é intenso, não se tenta enganar ninguém.

No segundo, The Equalizer 2 - A Vingança (2018), senti uma ligeira queda: embora haja cenas fortes, parece que falha um pouco em surpreender. Já esperas quem vai ser o vilão, já sabes que vai haver vingança, já antecipas os momentos altos. Ainda assim, como entretenimento puro, cumpre bem.

O terceiro, The Equalizer - Capítulo Final (2023), surpreendeu-me pela ambientação (Nápoles, comunidade local, ambiente costeiro) e pela forma como traz uma sensação de encerramento. Ainda que o enredo seja previsível (vilões mafiosos, amigos ameaçados, plano de resgatar o que é justo) há uma melancolia subjacente no McCall, um peso das escolhas passadas, que torna a personagem mais interessante do que simplesmente “o homem que resolve tudo a matar”.

A violência... sim, é forte. Se não estiveres de "mente aberta" para cenas violentas explícitas, este é um género que não te vai dar tréguas. Mas acho que essa violência é parte do que torna este tipo de filmes eficazes. Serve para transmitir a urgência moral, a brutalidade do mundo com que McCall e "reais agentes" lidam. Em termos de personagens secundárias: algumas são demasiado caricaturais, as motivações muitas vezes pouco exploradas. É um ponto fraco, mas tolerável numa saga onde o protagonista e a acção são o foco. 

Enquanto via o filme, reparei em alguns deslizes técnicos. Há momentos em que, quando a câmara muda de ângulo, os personagens parecem trocar de lugar: primeiro estão à esquerda de McCall e de repente, já surgem à direita. Isso acontece quando a montagem quebra a chamada ‘regra dos 180 graus’, que serve exatamente para manter a orientação espacial entre personagens. Também notei alguns erros de continuidade, aqueles detalhes que saltam à vista, como a posição de um braço ou a direção do olhar que muda sem lógica: alguns erros de continuidade espacial e de raccord... Não estraga a experiência, mas para quem gosta de reparar nos bastidores do cinema, são pormenores curiosos que saltam logo à vista
 
Se gostas de acção (especialmente do tipo que não mostra só explosões, mas também alguma frieza, tensão psicológica simples, dilemas morais baseados no sacrifício) sim: vale a pena ver os três. Se procuras algo mais subtil, mais original, talvez o primeiro seja o que mais te vai deixar satisfeito, os outros deslizam mais na repetição.

Se tivesse de dar uma nota geral para a trilogia, diria: 10/10. O primeiro talvez 9/10, o segundo 8/10, o terceiro volta para uns 9/10...Gostei especialmente da forma como o filme fecha o ciclo: menos show-off, mais emoção, mais peso de consciência. Fiquei com uma certa sensação que gostaria de que existissem mais "super heróis" na sociedade.



Há filmes que nos surpreendem não apenas pela história, mas pela forma como nos fazem refletir sobre a vida, as relações e até sobre o tempo que tantas vezes nos escapa. O Clube do Crime das Quintas-Feiras, adaptação do bestseller de Richard Osman, é precisamente um desses casos: um misto de comédia, drama e suspense que nos mostra que nunca é tarde para viver novas aventuras.

A premissa
A história gira em torno de um grupo de reformados que vive numa pacata comunidade de idosos em Inglaterra. À primeira vista, poderíamos esperar apenas conversas sobre o passado ou rotinas tranquilas. Mas não é nada disso que acontece. Estes personagens decidem criar um clube peculiar: todas as quintas-feiras reúnem-se para analisar crimes por resolver. O que começa como um passatempo intelectual depressa se transforma numa missão real, quando um homicídio acontece bem debaixo dos seus narizes.

De repente, o que era apenas entretenimento ganha proporções inesperadas. O grupo vê-se envolvido numa investigação verdadeira, com polícias desconfiados, segredos guardados há demasiado tempo e uma rede de acontecimentos que se vai tornando cada vez mais intrigante.

As personagens
O grande encanto do filme está nas personagens. Cada uma delas traz não só um olhar diferente sobre a vida, como também uma bagagem emocional que faz com que o espectador se ligue a elas de imediato. Há quem traga humor, quem esconda dores do passado, quem mostre resiliência, e todos acabam por revelar camadas profundas à medida que o enredo avança.

O carisma e a química entre o elenco tornam a experiência ainda mais rica – sentimos que, de certa forma, já conhecemos aquelas pessoas, como se fossem vizinhos, amigos ou até familiares.

Entre o mistério e a ternura
Apesar da aura policial, O Clube do Crime das Quintas-Feiras não é apenas um filme sobre resolver crimes. É, sobretudo, uma história sobre segundas oportunidades e sobre como a amizade pode trazer leveza até nos momentos mais sombrios. O humor subtil equilibra o suspense, evitando que o ambiente se torne demasiado pesado.

Além disso, há uma mensagem poderosa: a vida não termina quando se chega a uma certa idade. Pelo contrário, pode ser repleta de novas descobertas, desafios e cumplicidades inesperadas.

Opinião pessoal

Confesso que fui ver este filme com alguma curiosidade, mas sem grandes expectativas. No entanto, saí surpreendida. Pessoalmente, considerei o enredo inteligente, emocionalmente e cativante. Ri, emocionei-me e acima de tudo, fiquei a pensar na forma como valorizamos (ou desvalorizamos...) as pessoas mais velhas na nossa sociedade.

Achei refrescante ver um grupo de protagonistas seniores retratados como corajosos, astutos e cheios de vida, sem cair em caricaturas. E adorei o equilíbrio entre humor e mistério. Para quem gosta de histórias de crime com um toque humano e uma boa dose de ironia, este é um filme que vale mesmo a pena ver.

No final, a sensação que fica é a de que nunca é tarde para viver algo novo, para criar laços ou até para se reinventar. E talvez seja essa a verdadeira força de O Clube do Crime das Quintas-Feiras: lembrar-nos que a vida é feita de capítulos inesperados... e alguns deles podem ser os mais emocionantes de todos.

2025 ⁨13+⁩ Comédia

Direção: Chris Columbus
Géneros: Filmes de comédia, Thrillers, Filmes de mistério, Filmes baseados em livros
Este filme é: Espirituoso, Comovente, Mistério, Detetives amadores, Filme de Hollywood, Best-seller, Suspense, Amizade, Thriller, Comédia
Elenco: Helen Mirren, Pierce Brosnan, Ben Kingsley, Celia Imrie, Naomi Ackie, Daniel Mays, Henry Lloyd-Hughes, Tom Ellis, Jonathan Pryce, Paul Freeman

Sugestão de Leitura do Livro

de Richard Osman
ISBN: 9789897774782
Ano de edição: 07-2021
Editor: Planeta
Idioma: Português
Dimensões: 157 x 237 x 26 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 384
Classificação Temática: Livros > Livros em Português > Literatura > Policial e Thriller


Sabes aquele momento em que de repente, sentes que estás a ver alguém despir a alma em frente à câmara? Foi exatamente isso que senti ao ver o documentário "Larissa: O Outro Lado de Anitta". Não é mais um conteúdo sobre a artista, os prémios, os looks ou os sucessos mundiais. É sobre a mulher que vive por trás de tudo isso. A mulher que quase ninguém vê: a Larissa.

Este documentário não é feito para quem procura espectáculo. É feito para quem tem coragem de ver a verdade... sem filtros, sem edições para agradar. A cada cena, ficas mais próximo dela. Mais próximo daquela que cresceu a ouvir que não ia dar em nada, que teve de construir armaduras para sobreviver, e que mesmo no topo do mundo, ainda se pergunta quem é, de verdade.

É desconfortável às vezes. Porque ela mostra os bastidores do que é ser uma mulher forte num mundo que cobra, suga e julga. Ela fala de saúde mental, de burnout, de dores que não se curam com fama nem com likes. E o mais impressionante? Ela não dramatiza. Ela simplesmente mostra. Com coragem. Com humanidade.

Ver este documentário é quase como olhar ao espelho e perceber que, por detrás das nossas próprias versões “para o mundo”, também existe uma parte de nós que só queremos que seja vista por quem realmente importa.

"Larissa: O Outro Lado de Anitta" não é sobre a popstar. É sobre ti, sobre mim, sobre todas as vezes em que tivemos de ser fortes demais quando só queríamos ser compreendidas e amadas. É um convite para deixares cair a capa e abraçares quem és. Sem medo. Sem pose. Se tiveres coragem para isso… então vê. E depois fala-me se não te tocou onde mais precisavas.
O documentário é narrado por um antigo "crush" da infância de Larissa, o que adiciona um toque íntimo e pessoal à história. Essa perspectiva permite que o público conheça a Larissa de uma forma mais próxima e autêntica, além de observar a construção da persona de Anitta.

A Minha Análise
Na minha leitura, o vazio que a Larissa sente vem de muito antes da fama... vem da infância, das dores guardadas em silêncio, das ausências disfarçadas com força. E é precisamente daí que nasce a Anitta. A personagem. A armadura. A guerreira incansável que conquistou o mundo. Mas sabes… a sensação que fica é que essa armadura está a ficar pesada demais. A Larissa já não consegue segurá-la por muito mais tempo. E talvez nem queira. Talvez o grito silencioso que ouvimos ao longo do documentário seja, na verdade, um pedido: “Deixem-me voltar a ser Larissa.”

O alter ego da Anitta sempre foi “vida loca”, cheio de luzes, intensidade, atitude. Mas há uma diferença entre interpretar e habitar uma personagem. E quando essa personagem se cola à pele durante anos, o risco é esqueceres-te de quem és quando as câmaras se desligam.

Meses atrás vi uma notícia que referenciava que a Anitta estava a receber tratamento hospitalar, passado um tempo vejo outra notícia que ela estava a mostrar a sua vibe "espiritual" e que os seus fãs estavam preocupados com o estado da sua saúde mental... 
Confesso: nunca me identifiquei muito com a figura pública que ela mostrava. Achava-a demasiado para mim... demasiado intensa, demasiado ousada, demasiado distante. Mas mesmo sem essa ligação pessoal, sempre reconheci o talento inegável. Ela é uma força da natureza: canta, dança, lidera, é poliglota, uma estratega nata. Uma artista completa, sem dúvida. Mas... e se ela já não quiser ser tudo isso o tempo inteiro? E se, por dentro, só quiser ser alguém que não tem de agradar a toda a gente a toda a hora?

Talvez o maior acto de coragem da Larissa, agora, seja permitir-se parar. Desistir. Respirar. Dizer “não quero mais” sem culpa, sem medo. Talvez ela já tenha subido ao topo do topo... e finalmente percebeu que esse lugar pode ser o mais solitário de todos.

Eu, pessoalmente, estou a gostar muito de conhecer esta Larissa mais calma, mais humana, mais verdadeira. Aquela que se emociona com um reencontro, que ouve com o coração, que valoriza a natureza, o silêncio, o toque genuíno. A cena da borboleta foi lindíssima. Poética até. Representa tão bem o que ela está a viver: uma metamorfose. Um regresso à essência.

E aquele relato do amigo-amor de infância… tocou-me. Ele viu-a. De verdade. Descreveu-a com uma delicadeza e profundidade que poucos ousam. Ali senti que a Larissa estava rodeada de amor autêntico... não o amor dos aplausos, mas o que conhece a tua sombra e, mesmo assim, escolhe ficar.

Analisando tudo, parece-me que a Larissa está a abrir os olhos para algo essencial: o mundo do poder e da fama pode parecer brilhante por fora, mas lá dentro é um vazio constante, uma corrida sem fim. Agora, talvez mais do que nunca, ela está a perceber a beleza dos pequenos passos, dos gestos simples, da paz que não precisa de palcos.

E sim… pergunto-me se o afastamento do Pedro foi medo. Medo de sentir demasiado, medo de não saber como ser amada de forma tranquila, sem exigências. E talvez ele, por achar que ela é “demasiada areia para o camião dele”, tenha recuado também. Mas quem sabe? Gosto de acreditar que o amor certo sabe esperar. E que ela merece alguém que pertença ao mundo que está agora a escolher habitar: mais lento, mais leve, mais real.

Pedro, o teu documentário ficou incrível. Puro. E se algum dia a Larissa decidir virar cantora de mantras num monte… olha, eu estarei lá a ouvir, de olhos fechados e coração aberto.

Se algum dia a Larissa/Anitta ler este meu post sobre o seu documentário, lhe dedico algumas palavras: "Larissa, sê feliz. Com ou sem Anitta. Com palco ou com pés descalços. Tu já és tudo, não te percas de ti mesma."

Se ainda não viste este documentário disponível nas plataformas digitais, convido-te a fazeres, sem julgamentos e coração aberto para a ver verdadeiramente.


Há filmes que entretêm, outros que provocam… e depois há A Substância. Desde que começaram a circular os primeiros trailers, este filme prometia dar que falar, até porque as "teorias da conspiração" ditam que alguns contornos deste filme tem uma pitada de verdade. Mais do que uma história de terror, esta é uma experiência intensa, desconfortável e por vezes, difícil de assistir. Mas é também um espelho distorcido (e necessário) da sociedade em que vivemos, onde a juventude é idolatrada, a aparência é moeda de troca e o envelhecimento tornou-se quase um tabu e algo que precisa ser combatido. Neste post, conto-te como foi mergulhar nesse universo perturbador, o que me arrebatou, o que me desiludiu… e porque é que, mesmo com todas as suas falhas, A Substância merece a tua atenção.

Hoje, vi o filme A Substância com as expectativas em alta. A premissa parecia promissora - uma reflexão provocadora sobre a obsessão pela juventude, a pressão estética e o fardo invisível que o tempo imprime no corpo feminino. Sabia que não ia ser um filme fácil de digerir, mas esperava encontrar ali uma obra que me fizesse pensar, sentir, talvez até abanar um pouco por dentro. E, de certa forma, foi isso que aconteceu… mas não exatamente como eu esperava.

A Substância é um filme que caminha sobre uma corda bamba. De um lado, uma crítica social poderosa e necessária; do outro, um exagero estético que, por vezes, roça o gratuitismo. A narrativa é, sem dúvida, instigante — cheia de simbolismos e momentos de puro desconforto visual. Há ali uma intenção clara de nos confrontar com aquilo que preferimos ignorar: o culto à aparência, a efemeridade da fama e o preço absurdo que se paga para manter uma imagem idealizada.

A atuação de Demi Moore é sinceramente, arrebatadora. Surpreende-me - e incomoda-me - que não tenha levado o Oscar para casa. É daquelas performances em que vês uma actriz a entregar-se de corpo e alma, sem reservas. Há nela uma vulnerabilidade crua, uma fúria que queima por dentro, um desespero que nos prende ao ecrã - talvez ela se reveja na própria personagem?! É graças a ela que conseguimos mergulhar, mesmo que a medo, na espiral de loucura da personagem e do próprio filme. Não há ali vaidade nem proteção. Há entrega total.

E no meio de tudo - das cenas gráficas, dos delírios visuais, do grotesco que se impõe - o filme brilha, sim, em alguns momentos. Há uma inquietação genuína que fica contigo. Uma pergunta que ecoa, mesmo depois dos créditos finais: até onde estamos dispostos a ir para manter uma imagem que no fundo, nunca foi real? E a resposta, mesmo que não dita em voz alta, é brutal. 

Mas... há um grande “mas” aqui.

Por muito que o conceito seja forte, a execução por vezes trai a própria mensagem. O filme entrega-se a uma estética do exagero que em vez de aprofundar o discurso, acaba por diluí-lo. O choque toma o lugar da reflexão. A violência gráfica, que poderia ser ferramenta de denúncia, transforma-se em espetáculo. E aí, perde-se o fio à meada. A crítica, que deveria ser incisiva e desconcertante, acaba soterrada sob uma avalanche de imagens que parecem competir para ver qual é mais extrema.

Não me entendas mal: não sou contra o cinema que provoca, que mexe connosco, que nos tira da zona de conforto. Aliás, adoro quando um filme me obriga a pensar e repensar. Mas aqui, o grotesco muitas vezes parece existir por si só, sem um propósito claro. E isso quebra a ligação entre aquilo que o filme quer dizer e a forma como escolhe dizê-lo.

No fundo, A Substância é para mim um daqueles casos em que a forma acaba por engolir o conteúdo. A crítica está lá. A dor está lá. A questão social e filosófica é válida e urgente. Mas a escolha por uma abordagem visualmente tão extrema faz com que a mensagem se torne menos acessível, quase oculta atrás do ruído estético.

Ainda assim, não consigo dizer que é um mau filme. Longe disso. É uma experiência intensa, desconcertante, marcante até. Só que também é desequilibrada. E por isso, o que poderia ter sido uma obra-prima contemporânea, torna-se apenas uma memória inquietante - daquelas que ficam a martelar cá dentro, mas mais pela forma do que pela substância.

Se vale a pena ver? Sim. Mas vai com o espírito preparado. Não é para todos. Não é leve. E, sobretudo, não é gratuito no que te vai fazer sentir - mesmo que o caminho até lá seja um pouco mais tortuoso do que deveria.

Classificação Pessoal ⭐⭐⭐

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