Filme | A Outra Paris

Há filmes que começam por parecer exatamente aquilo que são: divertidos, previsíveis, leves... e acabam por surpreender pela forma como nos agarram ao ecrã. O filme A Outra Paris está nesse limiar entre o “já vi isto antes” e o “ah, mas afinal não era bem isto que esperava”.

A Dawn, artista e empregada de mesa no Texas, sonha com Paris… a francesa. Quando consegue entrar numa escola de arte, percebe logo que o bolso não dá para tudo. Surge então a ideia de participar num programa televisivo de encontros: o The Honey Pot... cuja nova temporada será gravada (ou assim ela pensa) em Paris, França. Mas há uma reviravolta: na verdade, o reality decorre em Paris… no Texas.

A partir daí, Dawn vê-se dividida entre dois mundos... o sonho idealizado de Paris real, e a realidade construída de um programa televisivo, cheio de jogos afetivos, competições e superficialidades. Surge também o amor (ou algo parecido...) com Trey, o cowboy que já conhecia superficialmente.

Prós e Contras

Leveza: é uma comédia romântica feita para descontrair. Se não esperas filosofias profundas, o filme cumpre o que promete: risos, situações comuns de género, tensão romântica, cenário bonito.

Surpresa narrativa mínima: a ideia de “Paris no Texas” é uma boa reviravolta que mexe com as expectativas do público. Dá um twist que evita que seja só mais uma comédia romântica standard.

Personagens simpáticos e alegres: a Dawn tem momentos de vulnerabilidade, de indecisão, que tornam a personagem mais humana. O Trey, por outro lado, surge como aquele tipo de “amor possível”, com falhas mas credível dentro do universo romantizado do género.

Superficialidade emocional em alguns momentos: embora o filme tente, não aprofunda tanto como poderia os dilemas internos da Dawn... escolher entre o sonho artístico, as suas responsabilidades, o amor e a autoimagem.

Personagens secundárias pouco exploradas: as figuras que poderiam trazer camadas extra como as concorrentes, influenciadoras ou “vilão/vilã” do reality, ficam demasiado na sombra. Dá ideia de que poderiam ter dado muito mais ao enredo.

Previsibilidade: mesmo com o twist de localização, muito do que se sucede segue o caminho esperado de uma narrativa de comédia romântica: obstáculos, equívocos, reconciliação. Para quem é fã do género, isso não é mau... mas quem procura algo “fora do molde”, pode acabar por se sentir um pouco frustrado.
 

Opinião Pessoal

Gostei de A Outra Paris, mas não adorei. Não está a reinventar o género, mas cumpre bem o papel de entreter, fazer-nos sonhar um pouco com “e se” e lembrar que os nossos sonhos valem o esforço... mesmo que o mundo, às vezes, nos pregue partidas. A Dawn é uma protagonista com quem se simpatiza; há algo de tocante na forma como ela luta pelo seu objectivo artístico, mesmo quando tudo parece conspirar para a distrair.

Também acho interessante como o filme comenta, ainda que de leve, a cultura dos influenciadores, dos reality shows, da ideia de amor patinada por expectativas de imagem. Essas camadas mais modernas dão-lhe relevância para além de “mais uma comédia romântica”... embora não vá ficar entre os meus favoritos do género, porque sinto que lhe faltou aquele momento extra de profundidade, aquela cena memorável que nos fica depois de desligar o Netflix.

Se tivesse que dar uma nota, diria algo como 7/10: suficiente para recomendar se quiseres desligar do mundo por uma hora e meia e deixar o coração leve; não o suficiente para quem procura algo revolucionário.

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