
No coração dourado do deserto, entre pirâmides imponentes e templos esculpidos na pedra, viveram mulheres que não se limitaram a ocupar um trono... elas conquistaram a eternidade. As rainhas do Antigo Egipto foram muito mais do que figuras decorativas ao lado dos faraós. Foram líderes, estrategas, sacerdotisas, guerreiras. Mulheres com voz própria, com poder real, com histórias que merecem ser lembradas.
Quando pensamos no Egipto, o nome de Cleópatra surge quase sempre em primeiro lugar. Mas antes dela, outras rainhas escreveram capítulos poderosos na história de uma das civilizações mais fascinantes de sempre.
Hatshepsut
Hatshepsut, por exemplo, recusou-se a ser apenas regente de um jovem faraó. Assumiu o título completo de faraó, usou a barba cerimonial e governou como tal. O seu reinado foi próspero, marcado pela paz, pelo comércio e por construções grandiosas — como o seu templo em Deir el-Bahari, ainda hoje de cortar a respiração. Foi uma mulher que se ergueu acima das convenções e mostrou que o poder não tem género.
Nefertiti
Nefertiti, “a bela que chegou”, é outro nome envolto em mistério. Ao lado de Akhenaton, tentou revolucionar o Egipto, promovendo um culto quase monoteísta ao deus solar Aton. Dizem que talvez tenha governado sozinha sob um nome masculino... o que é certo é que a sua presença foi tão marcante que continua a intrigar arqueólogos e apaixonados pela história até hoje.
Cleópatra VII
E claro, Cleópatra VII. A última rainha do Egipto, e uma das mulheres mais inteligentes e estrategas que o mundo conheceu. Poliglota, culta, determinada, usou todas as armas (da diplomacia à política) para defender a soberania do seu povo perante o poder crescente de Roma. A sua história com Júlio César e Marco António tornou-se lendária, mas a sua verdadeira força estava no modo como desafiava o mundo.
Merneith (1ª Dinastia)
Uma das primeiras mulheres a governar o Egipto, por volta de 3000 a.C. Embora não tenha sido oficialmente chamada de faraó, há indícios fortes de que tenha governado como tal. A sua tumba em Abidos está entre as dos reis da Primeira Dinastia, o que é altamente significativo.
Foi a primeira mulher a assumir oficialmente o título de faraó (por volta de 1806 a.C.). Reinou após a morte do seu irmão e foi reconhecida como uma soberana legítima. O seu nome aparece em listas reais, tal como o de qualquer outro faraó.
Mãe de reis, regente e uma figura essencial na resistência contra os invasores hicsos, no início do Novo Império. Recebeu honras militares, o que mostra a sua importância política e até estratégica. Foi uma verdadeira rainha de guerra.
Esposa do faraó Amenófis III e mãe de Akhenaton. Não governou sozinha, mas exerceu enorme influência política e diplomática, tanto a nível interno como externo. A sua imagem aparece com frequência nas mesmas dimensões que a do rei... algo raríssimo e revelador.
Estas e outras mulheres participaram activamente na vida política do Egipto, fossem como rainhas consortes, mães de reis, ou mesmo como faraós. Tausert, por exemplo, governou nos últimos anos da 19ª dinastia e chegou a ser faraó, antes da instabilidade que levou à ascensão de Ramsés I.
Hoje, ao revisitar os caminhos do Nilo, não ouvimos apenas o sopro do vento sobre as pedras milenares. Ouvimos vozes femininas que, desde o passado, ainda nos inspiram a ocupar o nosso lugar com firmeza, sabedoria e coração.
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