
Vivemos numa sociedade onde ser “alguém” parece ser uma exigência constante. Desde cedo aprendemos a construir uma imagem, a conquistar reconhecimento e a mostrar resultados. Mas, no fundo, será que isso define quem realmente somos?
É aqui que surge a grande questão: a diferença entre o ego e o Eu Mesmo.
O que é, afinal, o ego?
O ego pode ser visto como a nossa identidade psicológica... aquilo que acreditamos ser quando nos olhamos ao espelho e dizemos: “eu sou isto”. É formado por memórias, papéis sociais, conquistas, traumas e condicionamentos.O ego não é mau em si mesmo. Ele funciona como um guarda-costas da nossa personalidade, ajudando-nos a:
- estruturar a vida prática (nome, profissão, funções sociais),
- proteger-nos de ameaças externas,
- organizar a forma como nos relacionamos com os outros.
O problema começa quando passamos a acreditar que somos apenas esse conjunto de rótulos. É nessa altura que o ego se transforma numa prisão invisível.
O Eu Mesmo: a essência que transcende o tempo
Enquanto o ego é mutável e transitório, o Eu Mesmo é aquilo que permanece quando tudo o resto cai.Pensa numa chama de vela: o ego é o vidro da lanterna que pode ficar sujo, riscado ou colorido, mas a chama no interior é o Eu Mesmo... sempre presente, sempre viva.
O Eu Mesmo manifesta-se quando sentes paz sem motivo aparente, quando ages em coerência com os teus valores mais profundos ou quando a intuição fala mais alto do que a mente racional.
É o teu núcleo autêntico, que não precisa de títulos, aprovações ou máscaras.
O conflito entre o ego e o Eu Mesmo
O maior desafio da vida humana está em equilibrar estas duas forças. O ego quer segurança, reconhecimento e controlo. O Eu Mesmo busca liberdade, autenticidade e expansão.Quando deixamos o ego assumir o volante, surgem sinais claros:
- ansiedade constante,
- comparações com os outros,
- necessidade de validação,
- medo de falhar ou de ser rejeitado.
Já quando o Eu Mesmo lidera, sentimos:
- confiança tranquila,
- clareza nas escolhas,
- alinhamento com o propósito,
- coragem para ser quem somos, mesmo que isso desagrade a alguns.
Como libertar a essência verdadeira
Libertar o Eu Mesmo não significa “matar” o ego, mas sim integrá-lo. O ego torna-se um instrumento... útil, mas não dominante.Algumas práticas que podem ajudar:
- Auto-observação consciente
Aprende a reconhecer quando estás a agir a partir do medo (ego) ou da verdade interior (Eu Mesmo). Pergunta-te: “Isto vem da necessidade de provar algo ou da minha autenticidade?”
- Meditação e silêncio
Criar espaço para o silêncio interior permite distinguir a voz ruidosa do ego da voz serena do Eu Mesmo.
- Escrita reflexiva
Anotar pensamentos e emoções ajuda a identificar padrões do ego e a dar mais espaço à tua essência.
- Aceitação das sombras
O ego também contém as tuas feridas, traumas e inseguranças. Ao invés de negá-las, acolhe-as com compaixão... só assim elas deixam de comandar a tua vida.
- Prática da autenticidade
Experimenta pequenas doses de autenticidade no dia a dia: dizer o que sentes, colocar limites, agir em coerência com o teu coração.
O caminho da integração
Libertar a essência verdadeira é um processo contínuo, não um ponto de chegada. É como aprender a dançar: às vezes o ego vai querer conduzir, mas cabe-te a ti lembrar que o Eu Mesmo é quem define o ritmo.A verdadeira liberdade não está em eliminar o ego, mas em deixá-lo ao serviço da tua essência. Quando isso acontece, já não precisas de provar quem és... simplesmente és.
O ego constrói muros.
O Eu Mesmo abre caminhos.
E a vida ganha sentido quando escolhes viver para além das máscaras.
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