Proteínas Vegetais | uma avaliação nutricional

As proteínas participam em processos biológicos do organismo e constituem o principal componente estrutural do músculo e de outros tecidos. Assim sendo, a ingestão adequada é fundamental para a manutenção da nossa saúde. Conhecer o papel das proteínas no nosso organismo ajuda a fazer escolhas alimentares mais equilibradas.

As proteínas são formadas por uma ou mais cadeias de diferentes aminoácidos (unidade básica). Estes podem ser classificados como: ESSENCIAIS o que significa que não são produzidos pelo organismo e devem ser impreterivelmente obtidos através da alimentação; NÃO ESSENCIAIS indicando que podem ser produzidos pelo organismo. Contudo, alguns destes aminoácidos podem ser condicionalmente essenciais, isto é, são necessários em determinadas condições específicas, como, por exemplo, durante períodos de doença ou lesão. Na ausência de uma ingestão adequada de aminoácidos essenciais, a formação de proteínas fica comprometida e consequentemente, igualmente as funções biológicas do organismo.

QUALIDADE PROTEICA
As proteínas que contêm proporções adequadas de todos os aminoácidos essenciais são consideradas de alto valor biológico. Estas encontram-se em alimentos de origem animal e em alguns alimentos de origem vegetal, incluindo a soja, a quinoa e o amaranto. Outras fontes de proteína vegetal podem conter todos os aminoácidos essenciais, mas as quantidades de um ou mais desses aminoácidos podem ser baixas. A qualidade proteica de um determinado alimento pode ser determinada pelo Score de Aminoácidos Corrigido pela Digestibilidade Proteica (PDCAAS). Este score indica a qualidade da proteína em função da composição de aminoácidos e a facilidade do organismo em a digerir. A maioria das proteínas de origem animal (por exemplo, carne, ovos e leite) e a proteína de soja apresentam um PDCAAS próximo ou igual a 1,0 (a pontuação máxima). Por norma, o PDCAAS de outras proteínas de origem vegetal é mais baixo. No entanto, a combinação de diferentes proteínas de origem vegetal, com uma ingestão adequada de energia, fornece aminoácidos em quantidade e qualidade suficientes para atender às necessidades nutricionais.

O MITO DA COMBINAÇÃO DE PROTEÍNAS 

Como a maioria das proteínas de origem vegetal contém quantidades mais baixas de um ou mais aminoácidos essenciais, na década de 1970 popularizou-se o conceito combinação de proteínas. Este conceito defende que deve ser combinada, na mesma refeição, uma variedade de alimentos vegetais que se complementam uns aos outros (relativamente ao perfil de aminoácidos), de forma a assegurar um aporte adequado de todos os aminoácidos essenciais de uma só vez. Atualmente, sabe-se que a combinação de proteínas na mesma refeição não é necessária, desde que a ingestão energética seja adequada e exista um consumo variado de alimentos de origem vegetal, nomeadamente alimentos ricos em proteína, como as leguminosas, pseudocereais (quinoa, amaranto) e cereais integrais.

A combinação de proteínas numa refeição não é necessária, se a ingestão energética for adequada e o consumo de alimentos de origem vegetal for variado.

Na dieta vegan ou vegetariana: 
O organismo possui a capacidade de armazenar um conjunto de aminoácidos essenciais, que podem ser usados para complementar as proteínas de baixo valor biológico provenientes da alimentação. Assim sendo, a combinação estrita de proteínas na mesma refeição já não é considerada necessária em regimes alimentares vegetarianos ou vegans.

As proteínas na infância 

Alguns estudos indicam que, nas crianças, o aporte de aminoácidos essenciais pode ficar comprometido, se a combinação de proteínas ocorrer em intervalos superiores a seis horas. Como tal, a complementaridade de proteínas pode ser obtida, se consumirem refeições equilibradas e variadas ao longo do dia.